NOTA SOBRE A CONJUNTURA
Movimentos populares contra o golpe, em defesa da
democracia e dos direitos sociais.
A Central de Movimentos Populares do Estado de São Paulo (CMP-SP),
reuniu sua Direção Estadual no último dia 21/03/15, num seminário sobre a
conjuntura, e após um amplo debate torna pública sua posição frente a
conjuntura nacional.
A CMP-SP congrega diversas entidades de movimentos populares, dentre os
quais, movimentos de sem-teto, associações de moradores, grupo de mulheres,
educação, saúde, LGBT, juventude e combate ao racismo, e cumpre o papel da sua
articulação nas lutas comuns e gerais, tendo como objetivo, lutar por uma nova
sociedade e pelo fim de todas as formas de opressão, preconceito, discriminação
e exploração capitalista.
A ofensiva da direita no Brasil está vinculada ao cenário de disputa do
capital internacional, que aposta no enfraquecimento da democracia e atua pela
privatização da Petrobrás, pois o principal interesse das corporações
estrangeiras é a qualquer custo, a alteração do regime de partilha do pré-sal
pelo sistema de concessão, favorável aos interesses econômicos e geopolíticos.
Neste sentido, o cerco contra os governos progressistas e o estímulo às
teses neoliberais e conservadoras ocorrem de forma articulada e
ao mesmo tempo, na Venezuela, Argentina, Equador, Bolívia e Brasil.
No Brasil, a direita (fora e dento do governo), a grande mídia,
setores conservadores do Judiciário, do Ministério Público, da Polícia
Federal e do Congresso Nacional, operam diuturnamente para sangrar o governo
federal e criminalizar o Partido dos Trabalhadores, a esquerda e os movimentos sociais.
Antes e durante a campanha eleitoral ficou evidente que o campo popular
e o governo vinham perdendo a batalha da comunicação. Durante os últimos 12
anos o governo federal não enfrentou a mídia monopolista e golpista, não
fez a reforma política e abriu mão das grandes batalhas ideológicas e
culturais. E ao mesmo com toda esta crise, o governo continua adiando a tão
necessária e prometida regulamentação da mídia, apostando num modelo de
conciliação de
classes, e prioridade
nas alianças com setores da burguesia e no campo institucional.
A CMP-SP, juntamente com os demais movimentos sociais, certamente
contribuiu para assegurar a recente vitória da presidenta Dilma, numa das mais
acirradas disputas eleitorais do último período democrático.
Ganhamos a eleição com uma pauta à esquerda e um duro embate com as
teses neoliberais e conservadoras e foi neste embate que mobilizamos centenas de milhares de militantes num movimento
político e social para impedir o retrocesso político, econômico e social,
em nosso país.
Porém, antes mesmo da posse da Presidenta, fomos
surpreendidos com a composição conservadora dos Ministérios (com Kátia Abreu,
Levy, Armando Monteiro e Kassab, entre outros), num claro “afago” à direita. Após a posse, veio o ajuste
fiscal – afetando direitos trabalhistas, previdenciários e as políticas
sociais.
Paradoxalmente, nesse momento que a direita (no parlamento e nas ruas),
propala abertamente o golpe pedindo o “impeachment” e intervenção militar, são os movimentos sociais que estão indo às
ruas para, lutar contra o golpe da direita, defender a democracia e
se opor às medidas de ajuste fiscal que afetam os trabalhadores adotadas
pelo governo.
O PT – que é
o principal partido do campo democrático-popular no Brasil é o mais atacado
pela direita, mas estranhamente esteve ausente nas mobilizações do último dia
13/03/15. Falta uma reação contundente por parte do partido. Correto
seria o PT, juntamente com as forças
populares, liderar um processo amplo de
mobilizações de massas na defesa da democracia de suas bandeiras históricas,
dos compromissos de campanha que propiciaram a eleição de Dilma, especialmente
no segundo turno.
Da nossa parte, achamos que se esgotou a política de conciliação
de classes. Em um cenário de crise econômica, não há mais “cobertor” para
os muito ricos e para os pobres. Os ricos que paguem a conta da crise.
A CMP-SP esteve, junto com outras entidades como a CUT, a CTB, o MST e
tantas outras do campo popular, na linha de frente das mobilizações do último
dia 13/03/2015, em todo o país, e vai continuar nas ruas, nas futuras jornadas de mobilizações, na batalha decisiva contra
o golpismo, contra o fascismo, pelas reformas estruturais, em especial, a
reforma política.
Além da agenda unitária, a CMP vai promover em São Paulo no dia 31
de maio uma mobilização “por políticas sociais, por mais direitos e contra o
golpe”.
Para
consolidar nossa unidade, estamos articulando um fórum dos movimentos sociais
de esquerda no Estado de São Paulo, capaz de construir uma agenda de lutas para
enfrentar nas ruas o governo tucano e o conservadorismo, pois é neste
Estado, que a fúria direitista se dá com maior intensidade, disseminando
ódio, a homofobia, o preconceito racial, de gênero e contra os pobres,
negros/as e nordestinos.
Não é hora de vacilo na defesa da democracia, é hora de mobilizar contra o golpe da direita e dos setores reacionários.
Defendemos a Petrobrás, mas é preciso que aqueles que roubaram milhões do maior
patrimônio do povo brasileiro, sejam investigados e punidos.
A bandeira contra a corrupção é nossa, da esquerda, é dos trabalhadores
(as) e dos movimentos sociais e não da direita, que através da mídia, convocou
as manifestações do dia 15/03/05. Corrupção se combate com a reforma política,
através de uma constituinte
exclusiva e soberana.
Estamos engajados na campanha do “Devolve Gilmar”, pelo fim do
financiamento empresarial de campanhas eleitorais – causa maior da corrupção. A
democracia que defendemos não pode permitir uma criminosa defesa do golpe
militar.
Democracia é a ampliação de direitos e políticas sociais, deliberadas
por instrumentos de participação popular e controle social.
Estaremos nas ruas, nas mobilizações dos movimentos sociais nos meses de
abril e maio, em defesa dos direitos dos trabalhadores, da Petrobras, da
democracia, contra o golpe e pela reforma política com constituinte exclusiva.
Central
de Movimentos Populares do Estado de São Paulo