terça-feira, 3 de março de 2015

Alternativa à crise é o Plebiscito oficial Constituinte, pela jornalista Vanessa Ramos



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Alternativa à crise é o Plebiscito oficial Constituinte
Movimentos querem o fim do financiamento privado de campanha eleitoral ]

Vanessa Ramos 

O país passa por uma crise que exige luta por democracia e mudanças radicais no sistema político. Essa foi a tônica da Plenária Estadual do Plebiscito Constituinte realizada nesse sábado (28), no centro de São Paulo. A atividade reuniu 140 pessoas de diferentes organizações.

Os movimentos reiteraram que, contra a corrupção no Brasil, uma nova assembleia constituinte é o instrumento que irá alterar o cenário pouco democrático, em que os interesses de setores privados pesam sobre os direitos da classe trabalhadora.

campanha pelo plebiscito, de caráter nacional, faz parte de uma ampla mobilização que hoje reúne 507 organizações. Em São Paulo foi lançada no dia 30 de novembro de 2013, com a participação de dezenas de lideranças populares. Em setembro do ano passado, conseguiu 8 milhões de votos favoráveis à reforma do sistema político por meio de uma assembleia constituinte exclusiva, tema que teve evidência nos discursos de posse da presidenta Dilma Rousseff. 

A consulta popular defendida pelos movimentos está prevista no Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 1508/14, da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), que aguarda votação.

O Brasil não é mercadoria 

Um dos eixos do plebiscito é o fim do financiamento privado de campanha eleitoral, a principal proposta para combater a corrupção, garante o advogado Ricardo Gebrim, integrante da Secretaria Operativa Nacional da Campanha do Plebiscito.  

“Devemos ter firmeza nesta conjuntura frente aos setores conservadores e a Constituinte Exclusiva é a proposta capaz de romper o cerco. Hoje a palavra reforma política foi banalizada porque todo mundo propõe algum tipo de reforma, mas isso significa que querem acabar com a nossa bandeira e, para gerar contradição, são feitas manobras no Congresso Nacional”, orienta. 

Segundo Gebrim, o cenário mudou com a entrada do presidente eleito para a Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que reavivou uma alternativa chamada pelos movimentos de “contrarreforma política” ou “PEC da Corrupção”, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 352/2013. Cunha defende o financiamento privado de campanha eleitoral. 

Para o deputado federal Paulo Teixeira, a mudança do sistema político só sairá com ampla mobilização popular. “O financiamento empresarial quebra a democracia e é o responsável por corrupções. Quem negocia majoritariamente no Brasil são cerca de 10 empresas, ou seja, o poder econômico manda na política e ele não vai querer abrir mão pura e simplesmente”, observa. 

Teixeira explica que o financiamento público pode romper com a contrapartida cobrada pelas empresas que financiam candidatos, posteriormente eleitos. “Quando a gente fala que o financiamento não pode ser das empresas, o povo questiona se vai tirar dinheiro do orçamento e dele próprio, mas hoje isso já é feito, só que de maneira indireta. A corrupção mais vil vai para os contratos de moradia, creche, tarifas bancárias e todo tipo de contrato público”, alerta o deputado.  

Para a secretária de Imprensa da CUT São Paulo, Adriana Magalhães, defender o fim do financiamento empresarial é defender o povo brasileiro. “Levaremos essa bandeira para o ato nacional do dia 13 de março. E é bom lembrar que o Plebiscito foi o instrumento que nos deu unidade e qualificou nosso debate depois das mobilizações de junho de 2013. Da mesma forma, permaneceremos nas ruas contra a retirada de direitos e em defesa da Petrobras”, ressalta. 

Devolve Gilmar 

Coordenador geral da Central de Movimentos Populares do Estado de São Paulo (CMP-SP), Raimundo Bonfim relata que os desafios já se apresentavam desde o início da campanha, mas ficaram maiores depois do plebiscito popular em que quase oito milhões de pessoas de todo o país votaram favoráveis à assembleia constituinte.

“A nossa força organizativa nos trouxe conquistas eleitorais para a democracia, mas temos um Congresso composto por uma bancada que é contra o avanço da política das mulheres, da população LGBT, da redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas, entre outras questões. Além do Judiciário a ser enfrentado”, diz.

Os movimentos lembraram que, em 2011, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entrou com a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) 4.650, proposta pelo Conselho Federal da entidade, contrário ao financiamento empresarial de campanhas eleitorais. 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, pediu vistas em audiência, ou seja, engavetou o tema – mesmo que, em abril de 2014, seis dos onze ministros do STF tenham votado a favor da ação.

Segundo Paulo Teixeira, é preciso reverter esse quadro. “Devemos cobrar o Supremo para que vote a inconstitucionalidade do financiamento privado de campanha”. 

Os movimentos sindical e social definiram em Plenária que a campanha “Devolve Gilmar” permanecerá nas ruas e nas redes sociais e, ainda, cobraram dos parlamentares um posicionamento contrário ao financiamento empresarial nas eleições e à PEC 352/13, levantada por Eduardo Cunha, bem como o apoio à campanha “Plebiscito Constituinte: Agora é Oficial”.  

Luta permanente 

O plebiscito Constituinte apresenta também como proposta a maior participação das mulheres, indígenas, negros e minorias no parlamento e o fortalecimento de mecanismos de democracia, como a participação em conselhos e a construção de referendos e plebiscitos, que permitam ao povo participar, de fato, das decisões políticas. 

Para o secretário de Políticas Sociais da CUT/SP, João Batista Gomes, qualquer medida que venha do governo, como as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, deve ser a favor da classe trabalhadora e não da retirada de direitos. “A Constituinte é o caminho para que povo possa falar sobre qualquer tema, da reforma do sistema político, à democratização dos meios de comunicação e os direitos trabalhistas”. 

Enfrentamento popular

Durante a Plenária Estadual do Plebiscito Constituinte, os movimentos organizaram a participação em diferentes atividades e mobilizações.

No dia 6 de março ocorrerá em São Paulo a Plenária Nacional do Plebiscito Constituinte, no auditório do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), à Praça da República, 282, no centro da capital. Na parte da noite, os movimentos participam do ato “Os povos com a Venezuela – Chávez vive!”, que será às 19h, no Salão dos Atos, no Memorial da América Latina, ao lado do Metrô Barra Funda, zona oeste de São Paulo.

Em 7 de março será a Plenária dos Movimentos Sociaisno Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, localizado Tomás Gonzaga, 50, próximo ao Metrô Liberdade.

No dia 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, haverá concentração às 10h, no prédio da Gazeta, na Avenida Paulista, 900, próximo ao Metrô Trianon Masp.

O dia 13 março reunirá movimentos do campo e da cidade em ato nacional em defesa da Petrobras, dos direitos e do Plebiscito Constituinte, que se concentrarão às 15h, em frente ao prédio da Petrobras, na Avenida Paulista, 901. 

E, em 20 de março, diferentes organizações e movimentos convocam toda a população para o Ato de Luta pela Água, às 14h30, no Museu de Artes de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, 1.578. De lá sairão em marcha.