quinta-feira, 26 de março de 2015

O PT não pode se render ao silêncio! Paulo Pain não é Marta Suplicy.






Paulo Pain tem origem de classe, a trabalhadora. Foi militante do movimento sindical e tem exercido papel importante na defesa das lutas por igualdade racial. Muito diferente da nossa "burguesia" incorporada como Marta.

Paulo Pain nunca negou a sua luta pelas pautas trabalhistas e em defesa dos direitos dos trabalhadores e portanto é uma referência por conta disso. 

É senador, eleito e reeleito. Desculpem aos "petistas" que acham que a força de um "dirigente" está em seus votos nas "bases eleitorais", isso ele tem. Mas não é um "petista cego, surdo e mudo" e portanto tem no sangue e na alma o "petismo de Sion" como nos explica André Singer no livro "Os sentidos do lulismo", onde esse petismo ligado a um Programa de mudanças da sociedade exige lado, um lado anticapitalista como está expresso nos documentos aprovados pelo partido.

Os manifestantes do dia 13 de março tinham lado: defender a Democracia, a Petrobrás e a luta contra um projeto de ajustes que prejudicam justamente aqueles que produzem o capital necessário para engordar fortunas e manter o sistema de exploração desta sociedade. 

Dizemos não as medidas provisórias 664 e 665 pela maldade que representam contra os que estão no andar de baixo da "festa" das elites que mesmo em "crise" comemoram seus lucros as custas dos trabalhadores/as. (gosto da análise da Abong sobre as MP's  https://observatoriosc.wordpress.com/2015/03/06/mps-664-e-665-violam-direitos-humanos-e-ameacam-a-coesao-social/ ou do Inesc http://www.inesc.org.br/biblioteca/publicacoes/artigos/medidas-provisorias-664-e-665-violam-direitos-humanos-e-ameacam-a-coesao-social)

Por isso, não há incoerência de Pain quanto ao Programa do Partidos dos Trabalhadores.

Pena que há SILÊNCIO da maioria da direção do PT, da bancada e do governo, principalmente do governo. Lembremos que em menos de duas ou três semanas o mesmo Cantalice - secretário de comunicação do partido - disse que "o PT não irá as ruas para não referendar dia 15/03", na semana do ato do dia 13/03 praticamente "convocou" os petistas a irem a aquela chuvosa e vitoriosa demostração de união em defesa do país. 

Quem errou? Quem sempre esteve na defesa dos princípios, programa e projetos do partido ao lado de quem nunca deveria ter se afastado que é a classe trabalhadora. Ou um dirigente que vacila, fala uma coisa e depois em nome sabe lá do que desdiz. 

Coerência não se compra em supermercado e analise de conjuntura não se faz lendo a grande mídia.


Pain é uma referência para muitos de nós petistas, não petistas, filiados, simpatizantes e acima de tudo dos que querem uma outra sociedade, sem exploração e explorados.



Segue abaixo uma entrevista que ele cedeu ao "Estadão", interessante e posicionada.

'Qual é o discurso do PT?', diz senador que ameaça deixar sigla

PEDRO VENCESLAU , ISADORA PERON /BRASÍLIA - O ESTADO DE S.PAULO

25 Março 2015 | 02h 05

Petista histórico com 4 mandatos de deputado e 2 de senador, Paim condiciona permanência a mudança no ajuste fiscal.

O senador Paulo Paim (RS), petista histórico com quatro mandatos de deputado e dois de senador, diz que deixará o partido se o Congresso votar a favor das Medidas Provisórias 665 e 664, que restringem a concessão de benefícios trabalhistas e integram o ajuste fiscal proposto pelo ministro Joaquim Levy, da Fazenda.

O senador esteve anteontem em São Paulo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ouviu que o Palácio do Planalto está disposto a flexibilizar as medidas de restrição de benefícios trabalhistas. Publicamente, porém, o discurso do governo Dilma Rousseff é de que nada será alterado nas medidas provisórias do ajuste, razão pela qual Paim mantém sua pressão. Afirma que já conversa com outros parlamentares petistas sobre a criação de uma nova sigla de centro-esquerda. Veja a seguir os principais trechos desta entrevista concedida pelo senador ao Estado:

Estado - Está preocupado com os efeitos colaterais do pacote fiscal apresentado pelo governo na base do PT e da CUT?

Há uma preocupação grande na base do PT e da CUT. É um equívoco histórico achar que só a classe média alta foi para a rua no dia 15 de março. Uma parcela dos assalariados também foi. Estão cometendo um erro ao fazer essa análise. Mas ainda que fosse, a história mostra que a classe média tem um poder muito grande de influenciar a classe média mais baixa. O efeito dessas medidas será sentido
sobretudo no chamado andar de baixo. Há um certo constrangimento no PT em relação à história de nós todos. Isso está criando espaço para que outros setores avancem. Eu disse ontem ao presidente Lula que não há uma pauta positiva que venha do Executivo.

Estado - O que o ex-presidente Lula achou da sua reclamação no encontro de segunda-feira?

Ele se mostrou totalmente sensível a esses temas e disse que não há nada escrito de que eu tenha que votar favoravelmente a essas medidas que comprovadamente trazem um prejuízo muito forte. Senti que ele está constrangido com as medidas e digo isso com tranquilidade.

Estado - O sr. está conversando com outros partidos sobre a possibilidade deixar o PT?

Me senti sem discurso. Qual é o discurso do PT e do governo hoje? Dos juros? Da inflação? É dizer que não aconteceu nada no dia 15?

Mas aconteceu...Não adianta tapar os olhos e não ver o que aconteceu. É um momento delicado e de muita inquietação. Se é para votar contra o trabalhador, eu prefiro voltar para a casa. Quando comecei a expor minhas divergências no partido, forças internas do PT vieram dizer: 'Já que tu estás descontente, então saia do partido'.

Estado - Mas afinal, o sr. ficará no PT?

Se não houver uma mudança que seja respeitável com os trabalhadores e a discussão do Fator Previdenciário eu terei muita dificuldade de ficar. Hoje (ontem) mesmo tenho uma conversa com dois senadores do PT que estão desconfortáveis. As MPs serão um parâmetro.

Elas estão na pauta. Se continuar como está, minha saída será o caminho natural, mas jamais sairei atirando.

Estado - Qual seria seu destino?

Um leque de partidos me procurou, mas o ideal seria criar um novo partido. Ninguém quer perder mandato. Teve gente me procurando para fundir partido também.

Estado - Há uma conversa sobre fusão partidária na base governista?

Sim, existem conversas concretas nesse sentido.

Estado - Como está a interlocução com a presidente Dilma?

O Lula tem uma forma de fazer política e a Dilma tem outra. É difícil o diálogo com ela. O presidente Lula é muito mais sensível aos argumentos. Dilma é dura nos processos.

Estado - Qual é a saída para o atual quadro econômico?

Estão atacando o andar do porão, que não tem condição de se defender. Gente humilde. Por que não dividem o ajuste com o andar da cobertura? Por que não tributam as grande fortunas e as heranças? Por que fazer ajuste só para quem ganha até dois salários mínimos?

Estado - Acha que o tesoureiro do PT, João Vaccari, devia se afastar do partido?

Existe um movimento dos dirigentes de mantê-lo, mas acho legítimo que ele se licencie. O povo fica indignado, e com razão. É um processo pesado. Se eu puder dar um conselho a ele seria esse: peça licença e faça sua defesa.

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