sexta-feira, 7 de abril de 2017

Um domingo de expectativas? As eleições diretas e os rumos do PT.

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Fatalmente pode ser que pouca coisa mude neste domingo (09 de abril de 2017) onde se realizará o Processo de Eleições Diretas (PED) do Partido dos Trabalhadores. Como militante filiado e apoiador de um dos programas para mudar a organização partidária e adepto da tese do golpe institucional, o que pode se esperar desse modelo hibrido adotado pela conciliação lulista reflete o clima que atinge os/as petistas em geral.

As comemorações em torno das unidades promovidas Brasil afora escondem o jogo que circunda os acordos e interesses que visam o "menor desgaste" e a "maior unidade" para fortalecer o partido para as eleições de 2018. E ai é que reside o perigo da baixa participação no processo de renovação das direções partidárias.

Lula operou a velha conciliação agindo na contramão do que fazia desde a vitória de 2002: ocupar-se das tarefas partidárias. Ouviu, reuniu e costurou até chegar num acordo interno entre os que defendiam o trágico eleitoralismo liberal chamado de PED e o retorno dos encontros que reuniam a militância partidária e a envolviam na construção dos rumos do projeto partidário. Disso venho o nosso ornitorrinco (Oliveira, 2003) que vai "diretamente" receber os votos dos filiados/as e nos níveis estaduais e nacional reunir os quadros partidários para definição de rumos estratégicos e escolha das direções estaduais e nacional.

O que virá desse processo? Sempre espera-se que haja um reascenso de massas interna, que mobilize o filiado/a e que recoloque o partido na pauta da vida militante dos filiados/as, para sair dessa onda depressiva que tem nos acompanhando nos últimos meses pós golpe.

Espera-se pouco inclusive do maior colégio eleitoral, o estado de São Paulo, que tende pelas mãos do campo majoritário, a reproduzir mandonismos de alta especie, não aprendendo com as lições da conjuntura e ainda atravessando essa crise política como se fosse fácil ou por osmose trazer o ânimo militante diante de velhas formas de fazer política hegemônica.

E talvez seja esse o problema central, a forma de fazer política hegemônica. Alguns de nós buscamos tirar lições desse processo, ao ponto de escolher não abrir mão mais de ideais em nome de recuos, de pressupostos erráticos, de simplismos de análise ou de verdades exclusivas, ou seja, nem sectarismo e nem oportunismo, tornam-se palavras de ordem de quem fez a leitura e quer agora não errar (ou errar menos) na análise.

Aqueles que acompanham o blog podem estar já cansados dos meus códigos cifrados, sem dar nomes ou identificar recados, mas prefiro assim, quem vive de fato a vida do partido não precisa de didatismo alfabetizador para explicar quem joga e como esta sendo jogado o jogo interno do petismo.

Certo mesmo é a unidade da classe trabalhadora em torno da greve geral de 28 de abril, que vai marcar no calendário (para mim) a lembrança impetuosa da primeira greve geral de 1917 e a revolução russa, lembrando como o velho Vito Gianotti nos ensinou sobre a importância de resgatar sempre a história das lutas da classe trabalhadora.

Mesmo com os recuos amedrontados do governo golpista, que agora sinaliza em desmobilizar os professores ao retirar da proposta da reforma, isso ainda será um problema para maioria dos trabalhadores celetistas do regime geral da previdência que são as maiores vitimas desse arrocho previdenciário. A luta continua, até cair, a reforma e Temer.

E em meio a tudo isso, o que não tem de fato contribuído para que a própria militância tenha se articulado nas mobilizações é o próprio partido. Ainda errando na comunicação, na articulação e no enfrentamento. Quais foram as formas possíveis e impossíveis de incorporar o debate das lutas contra as reformas neoliberais no PED? Nas localidades que residiu a "unidade", quais foram então as ações unitárias que mobilizaram os filiados/as para debater e organizar a greve geral?

Perguntas sem respostas e sem tempo, pois no domingo os problemas da casta dirigente se resolvem. Amizades, coleguismo, alguns beneficiários e outras formas que irão trazer os/as filiados/as para votar domingo ainda não darão as respostas efetivas para sair da crise, derrotar o golpe, vencer as eleições de 2018 e retomar um programa político de transformações estruturais do país.

Outro trauma será o resultado. Comemorar quórum no limite não é motivo de sorrisos e alegria, mas de derrota e de reflexão critica necessária para reconhecer que a velha forma que conduz o PT esta agonizando e a nova forma ainda não surgiu.

Tempos de crise, tempos de luta.

Guarulhos, abril de 2017.