domingo, 23 de abril de 2017

Negros, índios, mulheres e jovens ATRAPALHARAM as eleições internas do PT?

Resultado de imagem para diversidade

Importante dizer que a fonte é do jornal "O Estado de São Paulo", voz da direita assumida do país. Porém, a pactuação ou leviandade são impressionantes. Primeiro pelo teor da matéria que atinge diretamente o coração da direção política do partido, segundo pela forma como é tratada a questão da derrota interna referente a baixa participação política dos filiados/as.

A afirmação "Alguns dirigentes do PT apontam a dificuldade para preencher as cotas obrigatórias destinadas a negros, índios, mulheres e jovens como motivo para o desaparecimento dos diretórios nessas cidades." é uma evidente forma de preservar quando interessa os nomes dos dirigentes. Ora, nunca tomam cuidado com nenhuma fonte ligada ao PT, quando um membro da esquerda, minoritária, se expõe falta apenas colocar o RG do sujeito, agora neste caso não é preciso "dar nome aos bois".


Isso quando o partido precisa orgulhar-se de compor suas direções com a maior diversidade e representação da classe trabalhadora brasileira, e expor as verdades sobre os limites da população negra, das mulheres, indígenas e da juventude em poder ocupar os espaço na política brasileira, e note-se a ausência da população LGBT. E somado a isso, as afirmações de que a "exigência" impôs limites na construção das chapas é ridícula, para não dizer despolitizante.

O certo é que o partido que contribuiu muito para mudança de certos hábitos da política brasileira pudesse agora enfrentar o golpe e a crise política renovando-se ao ponto de transpor, expor e desafiar-se a mudar novamente a política enfrentando a mare que se abate.

Segundo, é a polêmica das fraudes que pouco serão constatadas se as coisas caminharem como estão sendo dadas a condução. 



http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,pt-encolhe-27-e-perde-1120-diretorios-municipais,70001747592


PT encolhe 27% e perde 1.120 diretórios municipais

Em série de reveses, partido não conseguiu nem sequer montar nessas cidades uma chapa para eleger direção; órgãos serão substituídos por comissões provisórias

Números do Processo de Eleição Direta (PED) do PT realizado no dia 9 em todo o Brasil mostram que, das 4,1 mil cidades onde o partido está organizado, cerca de 1.120, 27% do total, não conseguiram organizar nem sequer uma chapa de 20 filiados para compor o diretório municipal. Nesses municípios, os diretórios serão substituídos por comissões provisórias. Entre eles estão cidades importantes como Uberlândia, a segunda maior de Minas.

Foto: FOTO FILIPE ARAUJO/INSTITUTO LULA
Lula - Filipe Araujo - Instituto Lula
Luis Inácio Lula da Silva vota no Processo de Eleições Diretas do PT, no dia 9 de abril



É por meio do PED que os petistas escolhem as direções locais do partido e os delegados para os Congressos Estaduais, que, por sua vez, vão definir os representantes para o 6.º Congresso Nacional, onde será eleita a nova direção partidária, em junho deste ano.

Alguns dirigentes do PT apontam a dificuldade para preencher as cotas obrigatórias destinadas a negros, índios, mulheres e jovens como motivo para o desaparecimento dos diretórios nessas cidades. Há ainda suspeitas de fraudes que podem contribuir para o resultado (mais informações nesta página).

Outros, porém, admitem que o encolhimento do partido revelado pelo PED é mais um capítulo na série de reveses que levaram o PT a uma crise contínua desde o início da Operação Lava Jato, em 2014. São incluídos nesse processo a dificuldade para reeleger Dilma Rousseff naquele ano, as prisões de petistas importantes, como José Dirceu e Antonio Palocci, as acusações contra Luiz Inácio Lula da Silva, o impeachment de Dilma, a derrota histórica do partido nas eleições municipais do ano passado e a debandada de prefeitos e vereadores da sigla.

“Essa queda reflete uma situação em que o partido perde com a saída de prefeitos e vereadores em função dos ataques que sofremos”, disse o secretário nacional de Formação Política, Carlos Árabe, representante da corrente Mensagem.

No total, 290.124 filiados saíram de casa no Domingo de Ramos para votar no PED em cerca de 3 mil municípios em todo o Brasil – o País tem 5.570 cidades. O número de votantes é 31% menor do que os 425 mil participantes do último PED, em 2013. Mesmo assim, diante das circunstâncias, o partido comemorou o resultado.

Encolhimento do PT
Encolhimento do PT
“Com essa situação toda que nós vivemos, o PED ficou dentro do esperado. Ninguém tinha a expectativa de superar os 300 mil. Ver que 290 mil pessoas saíram de casa para votar mostra que o partido está muito vivo”, disse Gleide Andrade, vice-presidente do PT e integrante da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB).

Segundo ela, a situação nos 1.120 municípios onde não houve eleição para diretório municipal reflete a necessidade de uma mudança no estatuto do partido, que, no auge do governo Luiz Inácio Lula da Silva, criou cotas de gênero, raça e faixa etária para todas as esferas de direção.

Quórum. Segundo o PT, 909 cidades nem sequer se credenciaram para eleger um diretório municipal e outras 210 não conseguiram realizar a eleição. Em 89, o partido não cumpriu o quórum mínimo de eleitores. É o caso de Uberlândia, segundo maior colégio eleitoral de Minas, com 478 mil eleitores, governada pelo PT até 2016. O ex-prefeito petista Gilmar Machado, da corrente Mensagem, teve apenas 10% dos votos na eleição do ano passado e atribuiu o mau resultado à “onda de ódio” contra o partido.

Em conversas reservadas, dirigentes petistas dizem que na maioria das cidades onde os diretórios foram extintos – a lista é guardada a sete chaves – houve debanda de prefeitos e vereadores para outros partidos. Os detentores de cargos levaram consigo os filiados que compunham seus grupos políticos, esvaziando o partido.

Segundo o secretário nacional de Organização, Florisvaldo Souza, o encolhimento é um fenômeno que tem atingido todos os partidos, mas no PT fica mais visível por causa do PED. “Historicamente, o PT tem vida ativa em cerca de 3 mil cidades. Por isso, comemoramos o resultado”, disse Florisvaldo.

Dos 3.086 municípios onde o PSDB está organizado, cujos números constam do site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 1.847 (59%) são comandados por comissões provisórias. No PMDB, essa mesma estrutura alcança 22% das 3.703 cidades cujos dados são publicados pelo TSE – o site do tribunal não informa os números dos Estados de Minas, Rio e Paraíba.

“Com essa situação toda que nós vivemos, o PED ficou dentro do esperado. Ninguém tinha a expectativa de superar os 300 mil.” Gleide Andrade / VICE-PRESIDENTE DO PT