quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Em memória de Yasser Arafat



caros e caras,
leitores e leitoras,

Esse começo sempre gera um suspense, heim. Como está em vista o discurso de Abbas, líder da Autoridade Palestina na Assembléia da ONU (Organização das Nações Unidas), onde pedirá o reconhecimento do Estado Palestino, apresento dois artigos neste blog.

Este primeiro é em memória de Yasser Arafat, líder da OLP - Organização pela Libertação da Palestina, que cumpriu seu dever histórico de lutar pela independência do seu povo.

Não há ser humanos perfeitos, mas livres. Lutar pela liberdade plena (emancipação política e humana), é uma busca (eterna) da humanidade. Por isso sua lembrança deve-se pelo esforço em manter viva a história e a identidade do seu povo.


Yasser Arafat- um líder entre extremos
O homem que personificou a causa palestina, ora nas lides da guerra, ora na busca da paz, caminhava "com o fuzil em uma mão e um ramo de oliveira na outra"

por Edouard Zambeaux
Arafat dentro da caverna que usou como esconderijo, durante seu exílio na Jordânia. Abril 1969
Para analisar quem foi o homem que durante quase meio século percorreu o planeta com um turbante na cabeça e uma pistola no cinto, há que oscilar entre indagações extremas: destino individual ou destino coletivo, terrorista sanguinário ou negociador visionário, chefe de clã ou chefe de Estado. As respostas seriam: um e outro, dependendo da época. Com Yasser Arafat, a história contemporânea do povo palestino encontrou seu herói e seu vilão, mas também sua figura de proa.

Raramente um homem e uma causa estiveram tão ligados no século XX.
Para o melhor e para o pior, Arafat confiscou a causa palestina. É impossível dissociar sua vida de seu movimento político. Um movimento ao qual deu reconhecimento internacional, marginalizou por suas tomadas de posição aviltantes, conduziu em negociações corajosas ou imobilizou no meio do caminho de uma resolução do conflito israelo-palestino. Arafat, como a resistência palestina, é o sentido da história e o seu contra-senso.

O sentido da história, para Yasser Arafat, foi ter compreendido antes de todos que a causa que abraçava não poderia ser defendida pelos países "irmãos", terceirizada pelas outras nações árabes. Essa convicção, Abu Ammar - seu nome de guerra - adquiriu tão logo se iniciou nos combates. Nascera no dia 4 de agosto de 1929, no Cairo, mas se dizia nativo de Jerusalém, onde vivera, com um tio, entre os 4 e 7 anos, após a morte da mãe. Quando Ben Gurion proclamou a independência de Israel, em 14 de maio de 1948, Arafat abandonou a Universidade do Cairo para lutar contra os judeus. Nesse episódio conheceu seu primeiro revés, ao ser desarmado por exércitos árabes que se dirigiam ao jovem Estado para tentar transformá-lo em país natimorto.

OLHE TAMBÉM PARA:http://pt.wikipedia.org/wiki/Yasser_Arafat
O fracasso foi duplo. A título individual e também em termos militares. Israel rechaçou os ataques e entrou com tudo na geopolítica regional. Os dois inimigos acabavam de se conhecer. Arafat permaneceu dois anos na faixa de Gaza, para onde afluíam milhares de refugiados palestinos. Em seguida retomou os estudos de engenharia. Em 1952, sempre na Universidade do Cairo, ele debutou na política ao assumir a presidência da União dos Estudantes Palestinos. É nela que conheceu aqueles que foram, durante todo o período militar da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), seus mais fiéis colaboradores: Abu Iyad e Abu Jihad. Arafat já defendia a luta armada dos palestinos: é deles a missão de libertar seu "país". Sobre esse axioma, essa vontade de ser o único representante oficial da causa palestina, ele construirá todo o seu percurso e conseguirá legitimidade.