domingo, 19 de junho de 2011

2º Conferência Nacional de Juventude: Avanços, retrocessos e alguns desafios!

"Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos. Ainda somos os mesmos e vivemos, como os nossos pais...", Elis Regina traduz bem o sentimento dos que participam, vivenciam e atuam nas lutas da juventude. Quem militou no movimento secundarista como eu e chega ao posto de Coordenador Municipal de Juventude sabe o quanto é difícil fazer valer a nossa voz e a nossa vez nesta sociedade do capitalismo que exclui, gera preconceitos e semeia mais desigualdades do que igualdades.

O clima da segunda conferência da juventude tinha tudo para apontar os desafios da juventude guarulhense diante do desenvolvimento e da efetivação de direitos. Para as forças que compõem o Conselho Municipal da Juventude fazer valer a sua representatividade foi fundamental na mobilização dos jovens da sua base, para a Coordenadoria Municipal foi importante as mais de 30 conferências livres da juventude realizadas na cidade com os mais diversos grupos, organizações e jovens.

Resultado muito além do esperado: mil jovens mobilizaram-se num sábado todinho para debater, reclamar, propor e aprovar as deliberações que servirão de elementos para compor o Plano Municipal da Juventude (2011-2015) e as tarefas do novo conselho da juventude.

Mas nem tudo são flores e precisamos avançar mais. Durante a conferência tivemos alguns retrocessos em comparação a primeira que posso (tranquilamente e fraternalmente) apontar: 1) Não foi privilegiado os Grupos de Debate das temáticas propostas pela segunda conferência, com problemas de estrutura e ausência de maior sensibilização dos temas, houve grande confusão do que deveria ser debatido e o que poderia ser apresentado como proposta; 2) Houveram alguns tensionamentos até físicos que não expressavam diferença de idéias, rebaixando a própria conferência enquanto espaço de integração das juventudes; 3) A excessiva preocupação com a disputa pelas vagas de conselheiros (as), onde a eleição para renovar as vagas tomaram proporção muito superior aos objetivos da própria conferência; 4) A despolitização de alguns grupos que confundiam o debate das prioridades, necessidades e preocupações da juventude e seus interesses privados mais íntimos, digo isso, porque um grupo bem reduzido de jovens buscou a intimidação e ataques pessoais para buscar (ou achar) "qualificar" suas justas reivindicações.

Teve um momento muito peculiar no grupo onde fui colaborar como facilitador do tema: Plano Municipal, estadual e nacional da juventude (2011-2015), primeiro pelo grande número de participantes que impediu um debate mais interessante sobre um tema tão importante e segundo pelas falas de alguns que buscando fazer luta política na conferência fizeram referência a mim com ataques pessoais. Dizendo que eu usava uma camiseta com a estampa do "Che Guevara", mas meu discurso era outro, que eu era da prefeitura e que tanto eu, o prefeito, meu companheiro de partido Edmilson (vereador pelo PT), estavamos usando a conferência para fazer "palanque eleitoral".

Bem, uso, usarei e sempre defenderei os ideais do Che! Não tenho vergonha da minha história, das lutas que travei e que da militância na juventude eu segui em frente para novos desafios e novas lutas. Ah, comprei minha camiseta na loja do PT (até indico), mas não frequento as lojinhas do shopping para comprar roupas de estilo. Eu, Almeida, e Edmilson militamos num tempo onde nossos inimigos, inimigos dos trabalhadores, do PT e da cidade nos perseguiram armados, reprimiam nossas lutas e impediam o direito democrático de participação e decisão que garantimos hoje, em nosso governo!

Isso me leva a entender que entre os desafios então a necessidade de repensar o modelo de conferência que temos, na sua forma de proporcionar a participação e a qualidade na conferência municipal, como por exemplo ampliar a participação por meio das pré-conferências preparatórias e legitimas em escolher os delegados (as), preparar uma equipe que assuma as mesas temáticas de forma especial, realizar devolutivas das deliberações da 2. Conferência para conhecimento dos jovens da nossa cidade e superar a forma de escolha dos conselheiros enquanto ponto alto da própria.

Tornar mais público e mais claro o que é o papel do Conselho e da Coordenadoria da Juventude, para que não se jogue a criança, o balde e a água fora. A hora é de valorizar ambos espaços, pois são conquistas da juventude guarulhense e evidentemente trabalhar as diversas reivindicações da juventude a partir das possibilidades e limites, sempre lembrando que a ação do governo depende do grau de cobrança da própria sociedade, não basta gritar na conferência, tem que manter a luta de pé, firme.

Um bom exemplo foi o compromisso do prefeito Sebastião Almeida (PT) com o Pacto pela Bicicleta, mostrando a disposição dos militantes da causa da bicicleta enquanto meio de transporte que deve ser valorizado, respeitado e incluído como política pública de transporte e trânsito. Para além de ser um esporte e tornando-se um meio de transporte que alcança cada vez mais adeptos nas cidades e sua pressão social vem permitindo inclusive a sua inclusão nos planos de governo.

Isso aí, para chegarmos a terceira conferência municipal com resultados e amplo debate democrático precisamos nos renovar, crescer e se empenhar, pois os jovens desta conferência já não poderão falar com tanta liberdade com o risco de serem "velhos" dando conselhos aos mais novos. Devemos aprender com o nosso próprio exemplo, com o risco de vivermos como nossos pais...assim como cantou Elis Regina.