terça-feira, 9 de agosto de 2011

Juventude, o que podemos dizer do futuro?



A 2ª Conferência Nacional da Juventude acontece em um momento em que o mundo olha para a postura radical dos jovens em vários países do mundo motivados por diferentes causas e interesses.

Vamos lá, no Oriente Médio o levante dos povos por democracia e exigindo a queda dos ditadores foi proporcionada pelos jovens que inclusive fez grande uso das redes sociais pela internet para divulgar amplamente sua luta, as praças ocupadas também foram o símbolo do seu protesto.

Na Europa as praças também representaram o sentimento de indignação e diferença com o modelo econômico neoliberal que levou países como a Grécia a falência, Portugal e Espanha a uma profunda recessão e deixando a União Européia em estado de alerta. Aqui a juventude ousou questionar o projeto capitalista que na sua versão de juros bancários e especulação econômica levou a mais preparada geração de jovens (que fala mais de três línguas e tem formação superior), ao desemprego brutal.

Também de lá vem a expressão do conservadorismo imbecil que leva a frente às soluções “mágicas” para crise social, política e econômica. Refiro-me aos atentados na Noruega que foram realizados por jovens extremistas que por atos terroristas assassinaram outros jovens de um acampamento do Partido Trabalhista (liberal), e a detonação de uma bomba em um centro comercial. Xenofobia, esse é o nome daqueles que discriminam povos imigrantes ou emigrantes de outros países.

Aqui é bom lembrar que a bestialidade dos atos terroristas na Noruega é a expressão de um conservadorismo que primeiro precisou dos povos estrangeiros para aquecer a sua economia (e comodidades), e agora pede a sua expulsão em nome da preservação de empregos para aqueles que são “naturais” do país. Essa ignorância vem sendo propagada na Europa, berço do mundo “civilizado”.

A juventude na outra ponta do continente já faz uma luta ao contrário na Inglaterra, em Londres a luta da juventude é contra a discriminação e as formas de preconceito que levaram vários bairros a terem como insurgentes os jovens.

Antes que comunicadores irresponsáveis e completamente analfabetos políticos na questão digam que os atos em Londres sejam “vandalismo”, vamos relembrar os fatos onde um jovem de 20 anos foi brutalmente assassinado pela polícia londrina sem que houvesse qualquer motivo ou acusação. Bom lembrar Jean Charles em memória, assassinado por ser confundido com um “terrorista”, seu crime: a cor da pele.

A crise em Londres tem um fundo étnico-racial, porque nos bairros onde estão acontecendo os atos de rua, lá vivem os jovens filhos (as) de estrangeiros (emigrantes), e desempregados na sua maioria sem desfrutar dos ganhos econômicos da terra da “rainha”.

Já por aqui em terras latino americanas no Chile mais de um milhão de jovens ocupam as principais regiões do país exigindo mudanças na política educacional que foi sendo privatizada pelo neoliberalismo rebaixando a qualidade e impedindo o acesso de jovens pobres. As principais organizações estudantis do Chile e dos trabalhadores na educação paralisaram aulas e só retornarão com a garantia de sua pauta de reivindicações.

E no Brasil? Nós vivenciamos a 2ª Conferência da Juventude que tem mobilizado grande parte da juventude brasileira organizada em movimentos sociais, religiosos, sindicais, estudantis, de ONG`s e independentes da própria sociedade civil, onde o tema central: “conquistar direitos e desenvolver o Brasil” coloca alguns desafios:

1 – fortalecer a importância da aprovação do Estatuto da Juventude que está no Congresso Nacional que cria inúmeros direitos para que os jovens brasileiros (as) possam ter acesso a oportunidades com participação e qualidade social;

2 – fortalecer os valores da liberdade, da cidadania, da democracia, dos direitos civis e políticos da juventude na contramão dos ideais neoliberais de individualismo, banalização da vida, da discriminação por raça, condição socioeconômica, ou seja, combater as expressões da sociedade de consumo;

3 – fortalecer uma sociedade onde a geração de oportunidades e desenvolvimento seja aproveitada por todos (as), sem que haja exploração do seu potencial enquanto jovens trabalhadores. Onde o acesso ao trabalho decente, ao ensino superior de qualidade, ao direito a cidade, etc. sejam distribuídas com justiça social.

A juventude brasileira precisa construir a sua própria história através da sua capacidade de criar, pensar, refletir e enfrentar o momento histórico vivido, pois há lutas que podem e devem ser feitas pelos jovens como direito ao ensino médio de qualidade, maior democratização com a formação dos conselhos de juventude.

Olhar para os levantes das juventudes pelo mundo afora, fazer a leitura dos bons e maus exemplos e trilhar o seu caminho coletivo.